SEDE | Sede Restaurada | Sede Sec. XIX | TULHAS | TERREIRO | DETALHES | OUTROS ângulos | HISTÓRIAS

A Janela

Maria Cristina Damianovic

Adoro abrir a janela do quarto que dá para o pomar...
A janela é bem retangular, bem alta e tem três folhas...

A primeira é de madeira maciça, sem qualquer fresta,
Fechada por uma Cremona
Ao girar a maçaneta, ouço um barulho
como o do quebrar de uma noz...
Uma meia luz já invade o ambiente
e o barulho típico das dobradiças
me avisa que estou abrindo esta folha
Ela abre para dentro...

Depois vem a folha de vidro
Seu ferrolho sobe e desce
Este movimento faz um som
como o de um estalar de dedos
há o deslize e depois o estalo...
Com esta abertura vem mais luz
e por todas as frestas da terceira folha,
começo a ver o pomar e a ouvir o que está lá fora
Esta folha também abre para dentro...

A terceira e última folha é maravilhosa de se abrir
Ela tem dois trincos
Um que prende a janela ao parapeito
E um outro, um pega ladrão,
que é uma correntinha, como a de um relógio de bolso...

Ao abrir esta folha, a correntinha normalmente balança
e bate na madeira da janela, como o bicar do Pica-Pau...
Esta folha abre para fora...

Após abrir esta folha,
Prendo no macaquinho um lado, o outro
e aí... é só olhar a vista...

E isso é que é bonito nesta janela
O ritual de abertura e os desvendar da imagem lá fora...
Nunca igual, sempre em movimento...
Nunca igual porque
A Luz do dia é sempre diferente,
as árvores mudam seu brilho, forma e cor
conforme a época do ano,
eu mudo, meu olhar muda,
e assim a minha visão se amplia...

Maria Cristina Damianovic
14/02/1998

Luz de Vela | A história continua | Localizada na cidade de Santa Lúcia