SEDE | Sede Restaurada | Sede Sec. XIX | TULHAS | TERREIRO | DETALHES | OUTROS ângulos | HISTÓRIAS
Porque gosto de estar lá
Maria Cristina Damianovic
Para estar lá
Preciso chegar lá
Na estrada
meu coração começa a palpitar
só de começar a enxergar
a terra roxa tomar conta do horizonte
Passamos a serra
e sei que estamos mais perto
Mais perto ainda
quando passamos pela usina
Uma bifurcação
E pronto
É uma reta até
Santa Lúcia
Desço do carro
Pego uma pedra
Cruzo a estrada
E acentuo o i
De Santa Lúcia
A pedra é o sinal de que cheguei
Quase cheguei
Passo o campo
Estrada da cana
Acelero o carro para levantar o poeirão
Abro a janela para respirar a terra
Que entra em meu corpo e ferve meu sangue
Atravesso a porteira
Desço e chego no bambuzal
Deixo o carro porque
Para chegar lá preciso ir a pé
(vista da estrada com bambus)
Devagar
Para poder roçar
meus dedos pelos bambus
Vou até a outra porteira
Respiro fundo para o ar
perfumado dos eucaliptos
entrar em meus pulmões
(vista da entrada com os eucaliptos)
Peço a benção para a
igrejinha
Vejo o terreirão
E minha vontade é de sair correndo
Dou uma corridinha até a casa do caseiro
Saltitante já vejo a casa
Querendo ficar descalça
Tiro os sapatos
Sento na escadinha
Olho o pasto
Dou minhas costas para a sede
Para que por trás
Toda a sua magia penetre em mim
Quando sinto que isso aconteceu
Viro e olho firme.
(vista da sede)
Agarro o corrimão que acaricia
minhas mãos
Subo degrau por degrau respirando
o cheiro do mármore da escada
Faço a primeira virada
Vejo o pomar
Faço a segunda
Quero entrar
Entro
Sento no terraço
Converso com meus anjos
Meus antepassados
Eu mesma em algum lugar do tempo
Fecho os olhos
Entro na máquina do tempo
Volto
Abro os olhos
E vejo que cheguei mesmo
Corro para meu espelho
Olho para ele
Ele me diz:
Estava com saudades
Eu respondo
Eu também.
Que bom estar aqui.
Aqui
no coração da Atalaia.
Maria Cristina Damianovic
16/09/2002
Quer ler mais uma poesia? Clique aqui
Luz de Vela | A história continua | Localizada na cidade de Santa Lúcia